sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Poema 15 Pablo Neruda

Gosto de ti calada porque estás como ausente


e me ouves de longe, e esta voz não te toca.

Parece que os teus olhos foram de ti voando

e parece que um beijo fechou a tua boca.



Como todas as coisas estão cheias da minha alma

tu emerges das coisas cheias da alma minha.

Borboleta de sonho, pareces-te com a minha alma

e pareces-te com a palavra melancolia.



Gosto de ti calada e estás como distante

E estás como queixando-te, borboleta em arrulho.

E ouves-me de longe, e esta voz não te alcança:

vais deixar que eu me cale com o silêncio teu.



Vais deixar que eu te fale também com o teu silêncio

claro como uma lâmpada, simples como um anel.

Tu és igual à noite, calada e constelada.

O teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão simples.



Gosto de ti calada porque estás como ausente.

Distante e dolorosa como se houvesses morrido.

Uma palavra então, um teu sorriso bastam.

E eu estou alegre, alegre porque não é verdade.

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