sexta-feira, 16 de março de 2012

Eu preciso...




Eu preciso me encontrar meio as lacunas de mim mesma. 
Não quero uma coleção de espaços em branco, não quero essa solidão, 
essa saudade, indefinida. Quero de volta me sentir habitada por 
estranha doçura. Quero todas as reservas de amor. Quero aquela 
paz terrivelmente cativante. Quero me sentir em casa e bem acompanhada. 
Quero permanecer sozinha sem que isso signifique me sentir vazia. 
Quero eternizar a infinitude daqueles que amo, porque já perdi demais. 
Preciso me lembrar, sempre, que existe amanhã, e que o amanhã traz 
novas oportunidades de escolhas, novos aprendizados. Quero uma vida nova. 
E depende de mim.

Marihellen Vieira
 

terça-feira, 6 de março de 2012

SMS


Ela caminha pela praia e segue seu passeio paralelo ao mar,
observa as ondas que rebentam com o fragor dos dias de verão.
Vai sozinha. Cruzando com jovens a passo de corrida, casais caminhando
de mãos dadas, algumas crianças fazendo castelos na areia outras se 
banhando. Sorri por uns instantes olhando aquelas cenas.
 Leva na mão o celular e nos olhos brilhantes uma esperança. Vai
Pensativa e sem horas, caminhando sem pressa, reparando nas pessoas,
No mar, no ar fresco que respira, no vento que se levanta com uma 
promessa de tempestade. Cruza os braços.
Pensa divertida, logo se concentrando no navio de carga que ruma ao mar
aberto com o vagar de quem tem um destino certo num dia certo. 
Veste sua saída de praia pra se sentir mais protegida do vento, que agora
traz  os primeiros pingos de uma chuva anunciada. Enfia as mãos nos
bolsos, mas a direita mantém-se fechada em volta do celular.
Os seus cabelos longos começam a molhar-se, mas ela não se apressa,
 porque gosta da chuva. Enquanto as outras pessoas correm para se abrigar,
ela mantém-se no seu passo, tranquila, em direção a um café com paredes
de vidro, mesmo ali à frente. 
Escolhe uma mesa, senta-se, pede um chá.
E, nesse entretanto, vem-lhe à cabeça uma música que não entoa, mas
escuta só de memória, o som de uma caixa de música.
Dá por ela a formar os versos nos lábios, sem som, 

If you walk away
Everyday, it will rain, rain, rain

A lembrança da música transporta-a para outro tempo, um tempo recente
que está sempre a voltar. Sacode-os da cabeça, a música, o tempo que já passou.
Olha para fora, através do vidro por onde escorrem fios de água. O temporal
escureceu o dia. Dá um gole de chá, pega no celular que, nesse preciso momento, 
anuncia com um toque a entrada da mensagem que esperava. Abre e lê, 
       Te amo, sabia? 
O seu rosto ilumina-se com um sorriso bonito e responde o indagando  

com uma só palavra, 
       Verdade
?
Ela recebe outro que diz,
       Sim! Volte logo, estou com saudades.
Mais uma vez ela sorri e responde,
       Também Te amo. Estou voltando!
Então se levanta e segue com passos largos segurando firme o celular
em suas mãos.
 Em seu rosto rola uma lágrima de saudades e a única coisa que ela consegue
pensar é em chegar logo e encontrar aquela pessoa que a faz sentir a mulher
mais feliz do mundo.

Sem mais... 


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